Apresentação

O seminário Técnica e vida: imbricações e desafios etnográficos é o segundo no âmbito do  programa de pesquisa TRANSTEC – Transformações técnicas em perspectivas locais, que parte da constatação fundamental de que a compreensão do mundo contemporâneo e de suas crises passa por entender a diversidade técnica. Isto requer a crítica da noção unilinear e antropocêntrica de tecnologia, fundada em duas dicotomias: tradição/modernidade e natureza/cultura. Evitando tais fronteiras substantivas entre épocas ou entes, a noção de técnica abarca relações com objetos, seres e espaços, focalizando seu interesse na gênese das propriedades do humano e da vida social em cada circunstância, incluindo regimes de eficácia, valores e cosmologias. A abordagem empírica é o aspecto fundamental, por meio da etnografia de tecnicidades específicas e suas mudanças (oriundas de inovações, fronteiras econômicas, conservação ou crises ambientais etc.). A base conceitual está na antropologia da técnica, mantendo diálogo com outras áreas. Iniciado em 2012 a partir de um projeto de pesquisa homônimo financiado pelo CNPq, a coordenação é do Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT) da Universidade de Brasília. Os principais resultados coletivos deste projeto são a publicação de um livro no Brasil e de um número especial da revista Vibrant em inglês. Atualmente, os esforços de pesquisa e de reflexão acadêmica se dirigem ao tema da relação entre técnica e vida, resultando na proposta deste evento.

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Coordenação

Carlos Emanuel Sautchuk
Guilherme Moura Fagundes

Programação

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Sessões de Trabalho

Segunda 01 de março

A suposta carência de movimento das plantas, frente à mobilidade animal, já foi apontada como responsável pela consolidação tardia de uma antropologia vegetal. Na contramão dos parâmetros zoocêntricos, esta sessão aposta nas interações de cultivo, extração e manipulação agrícola como meio de revelar dinâmicas próprias aos vegetais. A partir de quatro pesquisas em contextos variados, busca-se demonstrar como as etnografias com vegetais podem nos fornecer outros modelos de ação técnica, além de ampliar as possibilidades de tomada de forma pela vida.

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Terça 02 de março

Pretende-se reinvestir na ideia de domesticação enquanto sistemas variados de relações emergentes. Busca-se mobilizar a partir da etnografia uma abordagem de humanos e animais centrada em processos, técnicas e afetos, de modo a superar o foco estrito em espécies, em estados substantivos ou na dicotomia entre controle e autonomia. Para tanto, serão discutidas situações como catividade, feralidade e familiarização, mas abarcando também humanos, sociedades, artefatos e ambientes.

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Quarta 03 de março

A morte é um aspecto incontornável da caça. Mas isto deve ser tomado como questão, inclusive para se compreender as formas de vida de animais, humanos e outros entes nela envolvidos. Bastante mobilizada no plano teórico e na história da antropologia, esta sessão aborda a caça como tema etnográfico atual, com foco no ato cinegético. Para tanto, o caráter ético, a comunicação e a intersubjetividade interespecíficas ali presentes aparecem associadas a transformações significativas, que vão desde novos equipamentos e métodos, até os impactos de proibições legais e do desmatamento.

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Quinta 04 de março

A dimensão espacial das atividades técnicas e dos processos vitais tem despontado em etnografias contemporâneas a partir de variações em torno da paisagem, do ambiente e do território. Revigorado pela experiência do habitar, dinâmicas dos viventes e mediações técnicas, o tema do espaço pode fornecer outras escalas empíricas para a antropologia, inclusive com aproximações metodológicas entre etnografia e geografia. Esta sessão aposta no caráter processual do espaço como forma de renovar abordagens sobre manejo, gestão e outras situações de compatibilização ecológica.

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O 2o TRASNTEC mobiliza e se inspira na surpresa criativa e nas derivações de sentidos da obra do artista plástico R. Godá sobre objetos técnicos e seres vivos. Baseado no Cerrado brasileiro, como nosso grupo de pesquisa, região marcada por sucessivas transformações técnicas, ele tematiza contaminações ousadas entre animais, vegetais e máquinas, lançando uma reflexão necessária sobre tais imbricações. Latarias férteis em plantas e engrenagens habitadas por bichos acionam compulsivamente tensões entre o urbano e o rural, o erudito e o popular, o lúdico e o crítico. O “Surrealismo Tropical” de Godá já foi exposto na América Latina e Europa e integra o acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Coleção Gilberto Chateaubriand. A Floresta nos interpela aqui sobre a imprevisibilidade e as alternativas das relações entre vida e técnica na atualidade.